Praia do Titanzinho, à esquerda, na faixa de areia; local onde seriam aterrados 100 hectares para a construção de um estaleiro para a produção de navavios gaseiros para a Petrobras. Foto de Gentil Barreira
Fortaleza não “perdeu” ao ficar sem o estaleiro que se queria instalar na Praia do Titanzinho, em plena área urbana; seus habitantes ganharam a oportunidade de conversar sobre o tipo de cidade querem construir.
Confrontaram-se duas visões sobre o arranjo mais adequado para uma cidade vocacionada para serviços e turismo. Porém, não é o caso de se apontar “derrotados” ou “vitoriosos”, pois o debate tem de transcender possíveis interesses de ocasião.
Mas o desfecho do caso deixa lições para os dois principais governantes do Ceará.
À prefeita Luizianne Lins, que não basta o voluntarismo: “A cidade tem prefeita”, para resolver problemas políticos ou administrativos. Ela terá agora de dar conseqüências às suas palavras, tornando realidade o plano para urbanizar o bairro Serviluz, onde fica a Praia do Titanzinho. Isso incluir ali instalar estrutura de lazer e entretenimento, mantendo os moradores no local; criar-lhes oportunidade de trabalho e renda.
Ao governador Cid Gomes caberá pensar sobre como deve ser o comportamento de um dirigente realmente aberto ao diálogo. Pois não parece aceitável que se inicie o debate sobre uma obra de impacto sobre toda a cidade com pré-condições irremovíveis: “Ou será no Titanzinho ou não será em lugar nenhum (do Ceará)”. O governador devia saber, por experiência própria, que ninguém gosta de negociar com “a faca nos peitos”, muito menos uma sociedade insubmissa como é a fortalezense.
Enfim, entre mortos e feridos salvaram-se todos: o Ceará deverá ter um novo estaleiro, ainda que isso demore um pouco mais – e a orla Fortaleza ficou livre de cadeias que poderiam aprisioná-la a um modelo típico do século XX.
Um comentário:
Caro, Cristiano, vendo hoje a reportagem pela manhã não pude deixar de associar a Praia do Titanzinho em Fortaleza, com a Praia da Curva aqui em Barra do Riacho. São projetos bem parecidos, e em ambos os casos de interesse político. Podemos observar que a comunidade existe com seus problemas sociais, econômicos e sociais, mais até então não são feitos investimentos por parte do poder público, ou seja, é uma comunidade abandonada até que um dia surgi uma idéia, um projeto gigantesco destinado aquela mesma área até o momento "não existente aos olhos e cofres públicos". Daí em diante o mesmo poder público move mundos e fundos para instalação de tal projeto. Mais aí nos perguntamos por que tais mundos e fundos também não foram mobilizados antes em prol daquela comunidade??? Talvez porque investir em saúde, educação, segurança, lazer, habitação, projetos sociais não trouxessem tantos benefícios e "retornos econômicos comparado a um projeto grandioso”. Barra do Riacho e Titanzinho são comunidades idênticas com os mesmos problemas de infra estrutura, e a união fez a força e pelo menos por enquanto o "tal projeto grandioso que baniria para sempre a Comunidade do Titanzinho não foi concretizado devido à união de uma comunidade que mostrou sua força e em vez de sair em retirada cobrou do poder público o mesmo apoio que seria dado e investido em prol de tal projeto.
Hoje vivemos o mesmo momento. Cabe a nós comunidade debater e analisar sob todos os aspectos o melhor para todos. Espero que no fim vença o bom senso. Nem sempre o que enche aos olhos, traz as melhorias necessárias como saúde, educação, segurança, lazer, habitação, entre tantos outros.
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