Expansão do Portocel vai sepultar
a Barra do Riacho, dizem pescadores
fonte:
Flavia Bernardes
Os peixes, as baleias, os pescadores e a comunidade da Barra do Riacho, no município de Aracruz, vão sofrer o impacto direto da construção do Portocel II, da Fibria – junção entre Aracruz Celulose e Votarantim Celulose e Papel (VCP). Segundo o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) relativo ao empreendimento, as baleias sofrerão com o aumento do fluxo de embarcações e do nível de ruídos no ambiente marinho, e parte da biodiversidade poderá desaparecer.
Além disso, o porto ainda não resolveu um dos maiores problemas gerados na região. Ao se instalar em Aracruz, a então Aracruz Celulose desviou água do rio Doce para abastecer suas fábricas. Portanto, quando suas comportas estão fechadas, o fluxo do rio Riacho diminui, impedindo que os pescadores saiam para o trabalho.
Os pescadores lembram que os problemas com o assoreamento do rio começaram logo após a construção do Portocel. Nesse período, os pescadores afirmam ter cobrado diversas vezes um enroncamento que tornasse permanente a saída da água do rio, mas nada foi feito.
Com a implantação do porto, a comunidade pesqueira se reduziu e, hoje, resistem na região apenas 150 pescadores artesanais. A informação é que eles chegam a perder R$ 200,00 por dia quando as comportas da empresa são fechadas.
Longe de solucionar o problema, a então Aracruz Celulose anunciou em 2007 a expansão do Portocel. O projeto, previsto para ser construído em 2010, atrasou, mas, segundo os pescadores, durante este período a empresa não apresentou uma solução aos pescadores.
A Fibria vai construir quatro novos berços de atracação, com capacidade para receber navios com até 244 metros de comprimento e 15 metros de calado. Os navios que atracam no Portocel hoje têm capacidade para 40 mil toneladas, e os que atracarão em Portocel II terão capacidade para até 70 mil toneladas.
Para tanto, o projeto irá gerar, segundo o Rima, a perda da diversidade biológica; alteração da comunidade ictiológica; atropelamento de animais; alteração da qualidade do ar e aumento da concentração de materiais particulados em suspensão no ar; alterações morfológicas; alteração da qualidade dos recursos marinhos; soterramento e mortandade da comunidade bentônica; alteração da área costeira; aumento de risco de contaminação; interferência na desova de tartarugas marinhas; erosão costeira, entre outros impactos.
O Portocel II também tornará a pesca na região ainda mais restrita, não apenas pelos impactos ambientais, mas pela área ocupada para a sua atividade.
Segundo o Rima, quanto ao meio ambiente, as únicas medidas mitigadoras destes problemas são: monitoramento da linha costeira, programa de revegetação de uma área de restinga e um projeto de educação ambiental, que, segundo os pescadores, também foram condicionantes da chegada do porto à região, mas que não são capazes de impedir, ou mitigar, na prática, o impacto gerado pelo empreendimento.
Conforme descrito pela empresa Cepemar, responsável pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e pelo Rima do Portocel II, o Terminal Especializado da Barra do Riacho S/A-Portocel foi construído compondo a estrutura industrial da Aracruz Celulose, devendo portanto acompanhar a dinâmica do desenvolvimento desta empresa, atendendo às novas exigências do mercado atual e garantindo, assim, a prioridade da circulação das mercadorias da empresa.
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