quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Pescadores da Barra do Riacho criticam ação do Ibama na região
23/11/2011
Flavia Bernardes
Não é de hoje que os pescadores de Barra do Riacho se sentem prejudicados pelo aporte de grandes empresas no litoral norte do Estado. Mas, segundo eles, desta vez as empresas estão se valendo da colaboração de técnicos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama-ES) para afastar os pescadores.
“Os fiscais estão tomando os apetrechos de pescas dos pescadores artesanais e indo também contra as peixarias. Eles estão a favor das grandes empresas que têm em nós os maiores entraves para seus projetos que poluem os rio e o mar da região”, ressaltam os pescadores em nota.
Já na carta feita pela Associação dos Pescadores da Barra do Riacho a informação é que as fábricas estão tirando lucros exorbitantes da região e cooptando técnicos da área ambiental para perseguir os pescadores.
“Nós não vamos ocupar o Ibama como aconteceu anos atrás, mas vamos criar ações dentro da lei contra as empresas locais. E garanto que serão tão dolorosas como a dor que os pescadores estão sentindo hoje. Infelizmente nós estamos órfãos, não temos governos municipal, estadual e federal para nos ajudar. Muito pelo contrario, eles só estão nos prejudicando”, diz a carta.
Segundo Sebastião Vicente Buteri, presidente da Associação de Pescadores da Barra do Riacho, os tributos das empresas se tornaram mais importantes que as famílias de pescadores artesanais que há séculos pescam na região para tirar o sustento de suas famílias de forma honesta.
A última ação do órgão, segundo os pescadores, foi no dia 17 de novembro, quando uma peixaria foi multada por possuir camarões limpos congelados sem a licença da máquina para descascar camarão. Segundo Buteri, os pescadores desconhecem a licença concedida pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), para a utilização do maquinário. Os pescadores informaram desconhecer a exigência e cobraram apenas que a multa fosse dada junto com um prazo para que a peixaria regularizasse a situação, mas, segundo eles, os fiscais lacraram a máquina e levaram todo o camarão que já estava embalado.
Foram apreendidos 10 mil kg de camarões limpos e congelados e a multa contra a peixaria BR Pescados foi de R$ 250 mil.
Em outubro deste ano, os pescadores da Colônia de Pescadores Z-1, em Conceição da Barra, também reclamaram da demora na emissão das licenças de pesca para camarão na região por parte do Ministério da Pesca. Sem a licença, muitos pescadores artesanais estão sendo multados Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) em até R$12 mil.
Na mesma ocasião, os pescadores da Barra do Riacho denunciaram que os fiscais do Ibama haviam apreendido redes de pesca e até dois baiacus que o pescador levava para alimentar a sua família.
A situação na região é cada vez mais crítica. Se por um lado a indústria está ocupando as áreas marítimas e restringindo as zonas de pesca, por outro há o Ibama com uma dura fiscalização que, segundo os pescadores, desrespeita a tradição do pescador artesanal da região e complica a vida das famílias acostumadas a viver da pesca no município.
O Ibama foi procurado, mas o superintendente não foi encontrado para comentar a denúncia.
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